Fenômeno Bullying Na Universidade
Bullying - termo de origem inglesa que no Brasil compreende todas as formas de agressões intencionais repetitivas adotada por uma ou mais pessoas contra outra ou outras mais fracas, numa relação desigual de poder. A maior incidência deste fenômeno ocorre em Instituições Educacionais, geralmente entre crianças de 7 a 18 anos. Todavia,, possui ainda a propriedade de ser evidenciado em todos as lugares e situações em que ocorram relações interpessoais. Diversos pesquisadores do mundo inteiro vem direcionando suas pesquisas para este tema, que tem crescido alarmantemente e atingido faixas etárias cada vez mais distintas, assolando também o ensino superior.
É utópico acreditar que estudantes universitários apresentam maior capacidade de defesa, eles sofrem abusos por parte de colegas e também da Equipe Docente, mas também agridem, ignoram, discriminam e em alguns casos, até matam por não suportarem mais serem humilhados. Em ambientes universitários governados por pessoas insensíveis à violência, o Bullying é visto como processo natural e comumente descartado. Atitudes abusivas por parte de professores, que utilizam o recurso avaliação para punir aqueles que pensam de forma diferente da imposta, são ignoradas - talvez por hierarquias ou por questões políticas.O trote universitário mesmo quando ocorre de forma solidária, não deixa de ser uma forma de Bullying. em que a vítima muitaas vezes o tolera para não ficar antipatizado pelo grupo. No Brasil os primeiros trotes violentos aconteceram no século XIX. Em 1831, um estudante foi morto a golpes de bengala durante trote na Universidade de Recife. Em 1850, os alunos da Faculdade de Direito do Largo São Franscisco reagiram ao trote e a intervenção da polícia foi necessária para controlar a situação.Ao longo dos anos as Universidades vem tentando alterar as práticas receptivas de novos alunos, porém os jornais e anais destas instituições, ainda retratam situações de grande violência envolvendo trotes. Em 1999, um estudante morreu afogado durante trote realizado na piscina do campus da Faculdade de Medicina da USP. Em alguns casos, estudantes de Cursos de Medicina, Direito, Odontologia e Engenharia discriminam cursistas de outra áreas e desvalorizam suas produções.Estas atitudes tem gerado, ao longo dos anos, certa revolta por parte dos demais alunos - vítimas do Bullying - que acabam protagonizando sérias tragédias. Em 2007, um jovem sul-coreano de 23 anos, aluno do último ano do curso de Letras, invadiu a Universidade Virgínia Tech, nos EUA. No campus, ele se dirigiu à West Ambler Jonhston, residência estudantil que abriga pelo menos 895 pessoas e abriu fogo, matando 2 estudantes. Depois, caminhou até o prédio da Faculdade de Engenharia, trancou as portas com correntes, atirou na cabeça de um professor, partindo depois para os alunos, matando 32 e ferindo 29 pessoas- entre alunos e professores- suicidando em seguida. Antes deste, o maior ataque a Universidade no EUA aconteceu em 1966, quando um estudante subiu na torre de observação de 27 andares e começou a atirar, matando 16 pessoas, até ser baleado e morto.
Casos envolvendo racismo também levam os universitários a praticarem Bullying. No Brasil, em 2007, supostos vândalos atearam fogo à porta do alojamento de quatro alunos africanos na Casa do Estudante Universitário (CEU), na Universidade de Brasília (UnB). Universitários bolsistas também são vítimas de constantes discriminações em Universidades. Ainda no âmbito do ensino superior, são comuns casos de graduandos e pós graduandos, mestrandos ou doutorandos serem vítimas de pressões psicológicas sofridas quanto à data de entrega de trabalhos, falta de dinheiro para dar continuidade à pesquisa, atitudes arrogantes e faltas de apoio de orientadores e ainda toda a intimidação causada por certas bancas examinadoras de trabalhos científicos. A prática do Bullying acaba travando a produção intelectual do pesquisador, impedindo-o de pensar por si mesmo e agravando sua condição de vítima. O renomado educador Paulo Freire deixou em seu legado , inúmeras reflexões sobre atitudes opressivas, em especial na obra "Pedagogia do Oprimido" destaca bem as consequências sofridas por um estudante, impedido de pensar por si mesmo e tendo que se enquadrar em um ensino, cujo único objetivo é de atender as necessidades do sistema Capitalista. Alienação também é uma forma de Bullying, pois oprime e obriga a vítima a agir de acordo com os interesses dos dominantes, tornando-a cada vez mais incapacitada para lutar por seus direitos. Um universitário nestas condições tendo que se abdicar de suas convicções, de sua cultura e se tornar uma marionete do sistema educacional repressor, pode deixar sua condição de vítima e se revelar um agressor - invadir a universidade e cometer atos de violência incalculáveis. Embora as formações escolares não consigam mudar a estrutura psiquíca do tipo perversa, devem trabalhar com empatia para promover cidadãos justos, capazes de respeitar os outros, reconhecer seus direitos e deveres, conviver bem em grupo, num contexto interdisciplinar e multiprofissional. A educação do século XXI não pode se manter passiva diante deste fenômeno avassalador que compromete o presente e o futuro de nossa sociedade, apresentando consequências para além do imaginável.
http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/fenomeno-bullying-na-universidade-688751.html
Perfil do Autor
Formada em Magistério Graduada em Pedagogia com Supervisão Escolar; Especialista nas áreas de Psicopedagogia Institucional; Docência Universitária e Inspeção Escolar.Trabalho como professora de Ensino Fundamental nas redes Estadual e Municipal,ministro minicursos e palestras com os temas Respeitando e Convivendo Com as Diferenças e Bullying em diversos contextos sociais. www.angelaadriana.com.br
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